segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Amazônia não é o pulmão do mundo

São as algas marinhas que fornecem a maior parte do oxigênio de que o planeta precisa. Florestas como a Amazônica consomem tudo ou quase tudo aquilo que produzem.

     PULMÃO do mundo. No que você pensa ao ouvir essa expressão? Ora, só dá para imaginar que a Amazônia é a maior produtora mundial do oxigênio que mantém a Terra viva! Acontece que essa história de "pulmão do mundo" é uma enorme bobagem. Na verdade, são as algas marinhas que fazem a maior parte desse trabalho - elas jogam na atmosfera quase 55% de todo o oxigênio produzido no planeta. E mais: florestas como a Amazônia, segundo os cientistas, são ambientes em climax ecológico. Isso quer dizer que elas consomem todo ou quase todo o oxigênio que produzem. 
     As estimativas variam, mas todas indicam que a parcela de oxigênio excedente fornecida pela Amazônia para o mundo é bem pequena. Talvez ela nem exista! É que, além de produzir oxigênio na fotossíntese (enquanto sequestram gás carbônico da atmosfera e o transformam em matéria-prima para galhos e folhas), as árvores também respiram consumindo oxigênio e liberando gás carbônico. No fim, a relação produção / consumo tende a ficar no empate.
     Isso não significa, contudo, que derrubar a floresta teria impacto zero sobre o clima do planeta. Ao contrário: quando não alimentam a indústria legal ou ilegal de madeira, árvores derrubadas se decompõem, liberando gás carbônico e agravando o problema do aquecimento global. Além disso, já se sabe que, de várias maneiras, a Amazônia produz sua própria chuva e influencia o regime pluviométrico de outras regiões. Segundo os cientístas, ela lança na atmosfera uma quantidade inimaginável de partículas de origem biológica de pedacinhos de plantas a fungos e moléculas orgânicas. Levadas pelo vento, essas partículas acabam virando núcleos de condensação de nuvens (em torno dos quais o vapor d'água se transforma em gotículas ou cristais de gelo). É por isso, entre outros fatores, que as chuvas são tão abundantes na Amazônia. Quanto mais o desmatamento avança, mais elas tendem a rarear colocando em risco o delicado equílibrio da floresta.

Texto: Reinaldo José Lopes - Publicado na Super Interessante Edição Especial

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